“A Invenção da Maldade” investiga um corpo em crise, dilacerado pelas forças que o atravessam. Na tentativa de escapar de si mesmo, e numa condição inoperante frente às expectativas do mundo, o corpo deflagra uma dança que se gerano lugar instável entre o eu e o outro. O que é dança? O que é dançar, para quê dançar e para quem dançar? O que pode hoje a dança, como forma de arte, na esfera do estético, do político e do humano? Este trabalho é, por um lado, um objeto coreográfico que oscila entre espetáculo e performance, um acontecimento partilhado com o público e que insiste na alteridade como processo e criação de uma matéria disforme e sujeita a atualização. Por outro lado, o material criativo torna-se a inversão do anterior trabalho “Dança Doente” (2017), uma coprodução do Teatro Municipal do Porto apresentada em outubro de 2017 no Teatro Rivoli, ainda que reutilizando as suas questões enquanto material residual, como vestígio, ou aquilo que volta como um “assombro”. Num processo de extração e subtração dos procedimentos conceptuais e corporais abordados anteriormente, esta nova criação pretende ser um material depurado, destilado, desidratado daquilo que perdura, que insiste em ser reinventado.
Marcelo Evelin nasceu no Piauí (Brasil), é coreógrafo, pesquisador e intérprete. Trabalha com dança desde 1986, tendo colaborado com vários artistas e linguagens, em projetos envolvendo teatro físico, música, vídeo, instalação e ocupação de espaços específicos. É criador independente com sua Companhia Demolition Incorporada, criada em 1995, e ensina na Escola Superior de Mímica de Amesterdão, na Holanda. Orienta workshops e projetos colaborativos em vários países da Europa, assim como nos Estados Unidos da América, África, Japão, América do Sul e Brasil. Gestor e curador, tendo implantado em Teresina, no Brasil, o Núcleo do Dirceu (2006-2013), um coletivo de artistas independentes e uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento para as Artes Performaativas Contemporâneas. Em 2016 criou, em Teresina, com a gestora cultural Regina Veloso, o CAMPO, um novo espaço para se pensar, fazer e difundir arte e outras disciplinas e, como parte dele, o estúdio Demolition Incorporada. Os espetáculos “Matadouro”(2010) e “De Repente Fica Tudo Preto de Gente” (2012) (já apresentados no Teatro Municipal do Porto em Março de 2015 e Outubro de 2014, respetivamente) foram apresentados em mais de 18 países. Com a participação de mais de 300 performers de diferentes nacionalidades,